sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Simples


Não tem jeito caros amigos, a beleza está na simplicidade...

Vamos retomar as rédias literárias dessa bagunça aqui pois eu já nem sei mais o que eu já publiquei ou não.

E não há como falar em simplicidade e literatura sem lembrar do Haikai ou Haiku.
O haikai é uma forma de poesia oriunda do Japão na qual se valoriza a simplicidade, a concisão e a objetividade.
Normalmente tratando de assuntos ligados à natureza, no fundo (pelo menos como eu vejo) o haikai representa uma metáfora sobre as condições e os sentimentos do homem, refletidos na natureza.

Mas isso tudo é feito de maneira muito sutil, acho que o haikai é o clássico do hermetismo poético. Embora alguns possam correr o risco de parecer frase de caminhão... Como aliás às vezes penso isso de alguns poemas da Emily Dickinson, mas é outra história.

O Haikai obedece à seguinte regra (em português): 3 linhas contando com 5 sílabas na primeira e na última e 7 na segunda...

Superficialmente é o que sei sobre o assunto, sei um pouco também sobre a influência do estilo em Ezra Pound (por influência de um grande amigo de faculdade), de quem aliás vale e muito destacar o curto poema abaixo (que não é um haikai mas já demonstra a objetividade no trato do poema)... É o meu predileto dele:

Meditatio

When I carefully consider the curious habits of dogs
I am compelled to conclude
That man is the superior animal.

When I consider the curious habits of man
I confess, my friend, I am puzzled.

Esse aí tem muito a ver com minha personalidade atual.

Agora pra finalizar, um poema meu onde tentei atacar de haijin (pessoa que escreve haikai). Mas como não consigo deixar de ser prolixo, juntei 5 tentativas de haikais em torno de um mesmo tema. Abraço a todos e até a próxima!

O Ciclo Sazonal

Frutas são escolhas
Semear de eterno outono
Calma pra que colhas

Folha seca ao pé
Preâmbulo para a vida
Nascida do fim

Olhos de flagelos
Reconhecem, foram belos
Florais, primavera

Disformes as nuvens
E o olhar de quem as vê
Chove, tudo vai...

Vê, cauto ancião,
A cerejeira secar
Termina o verão.

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