sábado, 12 de novembro de 2011

Verborragia Contida


Caros amigos!
Eu voltei! Voltei para ficar! (como eu sei que poucos verão, posso dizer essas besteiras).
Faz muito tempo que não consigo escrever algo e ter uma ideia nova. Sinceramente, ainda não descobri o motivo, talvez o amor que traz uma certa inanição ou languidez ainda que boa ao coração de um poeta. Talvez pelo cansaço da vida prosaica que vai devorando o lirismo das coisas simples da vida que passam a se tornar um pouco menos perceptíveis, não sei. Acredito que muito provavelmente por já ver poesia nos olhos da mulher amada brilhando. Aliás, ainda me falta falar dela, afinal realmente coincide com o tempo de fuga deste mero veículo de comunicação lírico-confessional.
O fato é que não tendo ainda a verve necessária para novas criações, tentei conclui um projeto antigo, um dos muitos poemas inacabados que tenho, e de dois versos e um terceiro ainda em embrião, consegui fazer ajustes e finalizar.
Assim retomo as atividades de menor poeta ainda de maneira calma, pequena, serena... mas vamos aos poucos e logo chegaremos, ainda que a lugar nenhum.

Obrigado e até a próxima (que será mais próxima que essa)

Versos Vãos

Vão versos,
Versos vãos,
Ver se ficar vale a pena
Versificar, não!
Ver, sós, papéis e pena
Ver melhor a vida
Ver a vida num poema?
Vermelhos olhos
Ver a vida levar à mão

São verbos,
Verbos sãos,
Ver borrar os olhos vale a pena?
Verborragia, não!
Ver borrões, em papéis, de pena
Ver dez vezes a mesma vida
Ver a vida em problema?
Verdes campos do vizinho
Ver a vida pelo chão

Não vernos,
Vernos nãos
Vernar raízes vale a pena?
Vernaculismos, não!
Ver-nos calados expurgar a pena
Ver nervos vestirem a língua
Ver a língua sem poema?
Verves tidas como íngua
Ver a míngua da razão

Tão veros
Veros tãos
Ver e edificar, vale a pena?
Veracidades vãs, não!
Ver a cidade entre amor e pena
Ver amor virar burlesco
Ver com asco um panema?
Vermes de viver grotesco
Ver o dantesco dançar do histrião

Vão os versos que são verbos
E mesmo não sendo vernos, tão veros, eles são
Que valem a pena num poema
E são a mão a tocar o chão da razão de um poeta histrião.