sábado, 24 de abril de 2010

O Menor dos Poetas



O poeta carece de ilusões e chora...
Sua vida jamais fora à mão de contra-razões,
Mas parece que agora encontra a ausência,
Enfrenta a demência e perecem as rimas.

Sofríveis mãos que acariciam teclas
Na busca de respostas menos temíveis,
Pareciam vãos a escorrer por letras...
E nada veio ante a luz que ofusca,

Diante de seu próprio nada calado,
A aceitação nodosa e anti-meditante,
Era arder de brasa o entorpecer do ópio
Cortando as próprias asas no ato de morder.

E o esvair do sangue era penetrar as veias de ar
Arquejando por um momento estanque
Na era de um completo e infinito devir,
Um grito por vir ao ver perplexo as asas no chão.

A esse poeta falta o sopro tenaz das paixões
E por razões nem sempre explicadas, nada sobressalta,
Ele salta sobre sua razão com ferocidade mordaz
Pleonástico e inefável, intenta a meta de ter meta

Sarcástico, ah! Esse, senhores, é o nosso poeta!
Às favas com os problemas, com os temores
Mesquinho é o mundo, os axiomas, teoremas
Sem terrores nada é tão fundo, nem nada cáustico

Mas esse nosso trôpego e impagável poeta nada tem
Impecável, em trajes metafísicos, esconde o sôfrego.
Também! São todos uns tísicos no romântico solo
Mas o poeta cala ao colo o ultraje de não ser um

Porque o mais irônico do temível despautério
É que senhores! O nosso poeta se míngua de ideais
E digo mais! Amigos! Não há metas, não há platônico!
A mente é cemitério e a língua não apraz, o poeta falível!

O poeta sabe não haver palavra forte alguma de consolo
Pois o dolo contra a morte é não ter nenhuma meta
Assim senhores! Morre profundo o poeta das noites em manhãs
Sem afãs, mas em açoites morre... Por não mudar o mundo!