sábado, 19 de junho de 2010

Saramago, Superamago, Salvamago...


Caros amigos,

Há tantos assuntos que eu gostaria de falar aqui, planejei e tudo. A considerar, por exemplo, a chegada de Zico ao Flamengo (que já faz um tempo), a Copa do Mundo (pois esse menor poeta é fã de futebol sim!), o último poema que escrevi...
Mas não dá para renegar a parte literária que fala por mim e que é a razão deste blog. Ontem foi um dia de luto para boa literatura: partiu José Saramago.
Ainda não sou um profundo conhecedor e assíduo leitor (sou apenas o menor deles) então não pretendo fazer mergulhos críticos, falar muito da importância do autor e qualquer coisa similar.
Meu conhecimento acerca do autor ainda é limítrofe, mas há muito eu planejo ampliar. "Jangada de Pedra" é fantástico, a ideia de "As Intermitências da Morte" é incrível (e com vergonha, assumo que não os li inteiramente, "intermitências" nada li por falta de oportunidade) e outras belas criações dessa vasta obra.
Mas é com esse limitado conhecimento que digo que a literatura perde um grande gênio, talvez o maior vivo e para entrar no conceito do título, a literatura chora pois agora tem que ficar com seus códigos ou seus magos por aí e se contentar com eles.
A melhor cura ao se deparar com o esvaziamento de conteúdo e reflexão introspectiva dos Browns e os Coelhos dessa literatura hodierna era descobrir os clássicos, era olhar para trás, mas a cura pro desespero da literatura atual, a cura pro Mago da literatura (desculpem o absurdo trocadilho) era Saramago (nosso leve sopro de esperança que agora se vai.
A Saramago, se não tivesse sido um ateu em vida, diria: "vai com Deus que um dia todos nos vemos lá!" Mas por questão de respeito digo apenas: "Obrigado!"
Por fim, deixo um poema que escrevi há muito tempo para foto de Saramago logo acima, eu a vi uma vez num site e achei bastante enigmática e me levou a escrever as linhas com as quais termino essa postagem, muito obrigado a todos e até a próxima!

Para uma Foto de um Poeta

Pareces tão digno à foto
Um olhar que esconde o prólogo,
Óculos inóspitos, e um terno,
Sorriso de um colóquio eterno

Prosaico não podes ser
Um mosaico para entender,
A foto de um poeta é alma
De uma inquietação que se acalma

Poema misteriosamente fóton
Expresso em um olhar de moça na janela
Ainda que sério, duvidas de ser terno?

Pois eu vejo isso em seu bóton
Inexiste, que carregas na lapela
De um tão sombrio ser de terno.