quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Tempo de Dionísio!


Caros amigos,
Vem chegando o verão... É tempo de ser terno já que não se pode ser eterno.
Uma poesia mais leve e um pouco mais ao gosto de Dionísio!

Abraço a todos!





A Boca, A Mente E A Mão

A boca e a mente
São duas fontes de verdade incoerente
O pensamento, que já não era tão puro,
É profanado por aquela pagã do som
E audíveis versões de beleza ínfima
São enfermidades da idéia pura
Mas quando declama versos transcendentais
Faz o que era belo tornar-se ainda mais
Mas aí é a mente que torna demente
E ainda prosaico o que é belo
Por que não se contenta em deixar ser
Tem de retorcer de conjeturas o que é arte,
Tem de dessecar em pequenas partes,
Criar teorias, encontrar sinonímias,
Desmistificar insígnias, mesquinharias...
E o soar reconstruir articulável
É profanado por esta pagã do inefável
E sons antimatéria invertem versos
Vórtices vertem vento vociferando
Vértice do indizível voa vagamente
E brilha profanando o que é da boca
E que outrora já foi de outra mente
Porém, quando o verso sai da forma
E vem morar no coração da gente
É quando a mente nos informa
Que a boca precisa de um beijo quente
Só nesse momento há um pleno acordo
No entanto, se a mente no beijar acorda
Indaga ainda precocemente a coisa toda
E vê na alma o manchar-se em fossa oca
E perde a calma, achando erro no que faz a boca
Mas disso tudo a mão é a eterna alheia
Escondida sempre ali, quieta no meio
E dessa briga toda é a única que se alteia
Porque se a coisa é escrita o crédito é dela
Não importa a mente alguma que a faz
Ou se declamada a mão dá logo forma à tela
Pintura gestual, gesto teatral, divide com a boca o algo mais
Mas o seu ápice em todo este irreverente enleio
É que a mão no beijo é a que mais certo pensa
A boca se ocupa, a mente é sempre tensa
Mas a mão é, com despejo e sem receio,
A primeira a saciar o desejo e a morrer no quente seio.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Sonhar e ainda assim se manter acordado!



Ainda

Vai! Leva meu brilho e parte pra qualquer lugar!
Meu passatempo que eu cansei de esperar!
Vai! No seu torto descaminho que eu canto sozinho
Minha música em desalinho com o seu escutar.

Vai! E não se permita nunca olhar pra trás!
Já que quem fica é aquele que sofre mais!
Vai! Que seus passos eu vejo e procuro ensejo
Pra que o gosto do beijo não me seja fugaz

Mas se for, saiba que ainda a faço voltar
Pois sua veleidade é nada mais que a vontade,
Envolta ao medo que tem em segredo, de amar

Mas se alguma dúvida ainda tiver, vai!
Mas não simplesmente pra qualquer lugar
Vai ao meu encontro, pois eu pronto, estarei a esperar!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Ainda Sem Título...




É um bom título para uma postagem que é uma espécie de biografia distorcida.
Sugestão de uma amiga bastante especial.
Antes tinha tentado alguns títulos como "Reajuste", "Pela Ordem" e coisas do gênero, mas fica "Ainda Sem Título..."

Mas o poema não, pensei nesse título hoje de manhã enquanto tentava ficar acordado.

Aos que lerem fiquem tranquilos, poemas servem paras essas coisas, pra que a gente esvazie o que transborda.

Abraço a todos e até a próxima!

Poema do Vórtice Voraz

Não, não sou feliz!
A felicidade deve ser qualquer coisa de plenitude
E eu sou feito de infindos vazios e ranhuras
E ainda que pareça exagero
Sofro de uma dormência estranha
Que me toma pela entranha sem cura
Mostrando a latente sensação de não ser o que sou.

O que deveria ser?
Eu sinceramente não sei!
Ligo a TV e me recuso a ouvir quieto meus pensamentos
Não! Hoje não serei conduzido a mim mesmo!
A esmo eu cismo em não ter paciência
Aumento o volume da TV dois pontos a mais
Mas calado ainda ouço os meus gritos.

Estranha-me o quão estridente é o grito de medo!
Não há o menor sentido em gritar em vão!

A verdade é uma epifania triste
Hoje sei que o amor existe
Pois sou eu que em muitos ajudo a despertar
Mas como flor que perde pétalas para dar beleza
Perco o meu amor distribuído, sem jamais poder amar!