terça-feira, 1 de março de 2011

Mistérios!



Caros senhores!
Apesar do ânimo, estou extremamente pensativo hoje. E tendo a ficar um pouco chato. Então, antes de ter pena dos que me suportam nesse momento, prefiro escrever aqui. Como não vou conseguir escrever nada muito bom, arrisquei algo sobre a foto acima, o pensamento saiu de uma conversa que estava tendo.
Dessa conversa saiu também uma epifania a respeito de conhecer pessoas. Posso dizer que conhecer de verdade é um ato de fé e de paciência, conhecer alguém sem se armar em demasia (quer seja com armas de defesa, quer seja com armas de ataque) é uma tarefa árdua e talvez impossível de se refazer durante o processo, uma vez ferido, depor as armas e dar-se as mãos, quem é capaz?
Mas enfim... antes que isso aqui vire um livro de auto-ajuda, segue o projeto de poema que escrevi e depois o primeiro trecho de um projeto de conto no qual me identifico muito com a personagem, deponho as armas e me ofereço ao conhecimento, qualquer hora retiro a armadura também, por falar nisso, acho que na minha próxima postagem vou lançar a saga do Oplita! (É! Está decidido!)

Bom Sai

Raízes à mostra buscam a profundidade
Compacta não por uma fraqueza
E sim por aprender que o encanto é simples
Poucas flores e folhas, mas ornadas com zelo bondoso
Pois a beleza cresce quanto mais tortuosa
A alma de um bonsai!
Forte, simbólica, milenar,
No entanto, requerendo cuidados especiais...
E, como qualquer bonsai, sozinho, morre.

Conto do Palhaço (parte 1)

Aniversário! Será que alguém já parou para pensar no peso semântico dessa palavra? Acho que para mim é comemorar o verso do ano, claro! Não há por que ser diferente. Então, por que comemoramos? “Olha, ele conseguiu suportar mais 12 meses de convivência em sociedade, parabéns! Agora lhe restam ainda mais 120”. De tal forma pensariam os deprimidos, e por isso não teriam um motivo para comemorar. Ah! Mas ainda restam os aventureiros, aqueles cuja vida é um passatempo ou coisa assim. Mas para esses, comemorar o quê? “Parabéns, mais um ano de vida, menos um para viver. Agora você, com sorte, só tem apenas mais uns 10”. Para esses o tempo é uma ampulheta e cada aniversário é uma vírgula em seu obituário.
Aqui estou eu, trinta e cinco anos. Nem deprimido, nem aventureiro, nem nada. O tédio devorou meu afã de vida, minhas depressões, meu bom senso, os meus risos, minha religião, meus amores, minha vida, minha morte, minha alma... Talvez até meu penar vago e ébrio pelos vales algures do além. Enquanto alguns haverão de chorar copiosamente as dores de seus pecados, lá estarei eu em solo abrasado, recebendo minhas punições, a tamborilar os dedos em tridente alheio, sem nada me importar. Céu? Não tenho tal pretensão, mas por que não arrebentar cordas da harpa de um anjo qualquer? Também seria possível. Afinal, lá seria mais terra de ociosos do que em reino avesso, sempre preocupado em cumprir punições itinerárias, talvez ordens da gente divina. Mas deixemos tais detalhes entre o céu e o inferno nas mãos de Dante, que as dominou menos prosaicamente do que eu, bem menos eu diria.
Fato é que desde a minha faculdade, talvez antes (é! Certamente que antes!), tenho incrustado em mim esse tédio. Que foi crescendo aos poucos. Formado em Letras, lembro que via todos se prendendo a algo: a turma do latim, a do inglês, os lingüistas, os apaixonados por literatura, os filósofos e os que se divertiam. E eu, aprendia pouco sobre tudo, muito sobre nada. Antes fosse tudo sobre nada! Talvez me encontrasse em filosofia, quando não, me divertisse. Mas sempre no tamborilar dos dedos, no batucar das mãos. Desgraça de ritmo escravo que me fazia conduzir a embarcação!
O que eles pensavam, pensava eu em dobro, o que faziam... Não saía eu da metade. Mas, “rema, rema”. “Estou poupando energia”, pensava eu. Sabia que seria algo de incrível, ainda nem terminado o curso, pensava apressadamente em mestrados, doutorados, podia imaginar-me professor de faculdades, disputado a tapas para ser ouvido, disputado a cifras para ser lido.
De tanto imaginar, primeiro tornei-me um eremita dentro de mim, depois um patético e por fim... um palhaço!
É, um palhaço! Mas, o último, não digo conotando. Palhaço mesmo, de calças largas e roxas, nariz grande e vermelho, maquiagem exagerada. Figura entre o riso e o pavor. Palhaço de picadeiro, de tombos e levantes como toda a vida, mas de apenas risos.
Lembro-me de ter pensado diversas brechas na arte, nas quais pudesse me embrenhar. Música, canto, literatura, pintura, cheguei a pensar em ser ator... Mas a arte era laboriosa demais para mim. Ser palhaço não, ser palhaço era fácil.
Tudo bem que um tanto enganado, acreditei nisso. Mas não! A idéia não veio por acaso, assim como quem olha belas formas de mulher imaginando-as bem mais expostas que o convencional, ah, fiz muito isso nos meus tempos de estudante.
Mas, voltando, a idéia veio em virtude do circo passando pela cidade. Se tem circo, tem chuva, se tem chuva, certamente tem tédio. Onde o tédio expunha suas garras, lá estaria eu a me ferir delas, mal sabia que essas feridas poderiam sangrar, mas isso foi depois... Por isso não segui bem as Letras, sou pouco concentrado.